A exportação de produtos brasileiros tem ganhado cada vez mais espaço no mercado global. Para ter uma ideia, só ano passado, o Brasil exportou o equivalente a US$ 337,036 bilhões! Só o setor agropecuário foi responsável por vender US$ 164,4 milhões no mercado internacional, proporcionando desenvolvimento econômico para o país.
Tal volume demonstra a relevância do comércio exterior para a economia nacional - e as cooperativas desempenham um grande papel nesse cenário. As cooperativas proporcionam suporte, estrutura e representação coletiva, tornando a comercialização internacional mais acessível até mesmo para pequenos e médios produtores.
Mas, afinal, o que faz exportar por meio de uma cooperativa um bom negócio? Conheça o impacto do cooperativismo nas exportações brasileiras e veja as razões de integrar uma cooperativa a fim de fazer negócios mundo afora!
O potencial das cooperativas na exportação
Os números mostram que o cooperativismo brasileiro tem se consolidado no comércio exterior. Segundo dados do Sistema OCB e da ApexBrasil, as cooperativas apoiadas pela agência renderam mais de US$ 8 bilhões com exportações em 2023, um aumento de 13% em relação ao ano anterior.
Os principais estados exportadores via cooperativas são Paraná, que lidera com quase 50% das exportações, Santa Catarina, com 19%, e Minas Gerais, com 12,5%. Os produtos cooperativistas brasileiros têm China, Japão, Países Baixos, Alemanha e Estados Unidos como principais destinos.
Por que cooperativas são um bom caminho para o produtor que quer exportar?
Os números são positivos em relação a exportar por meio de uma cooperativa porque esse modelo traz diversas vantagens, especialmente para pequenos e médios produtores que desejam ampliar seu mercado.
Entre os principais benefícios, podemos citar:
1. Escalabilidade para pequenos produtores
Pequenos produtores que desejam entrar no mercado internacional podem encontrar barreiras operacionais e burocráticas para entrar no mundo da exportação. Mas a cooperação pode ser a solução!
As cooperativas podem facilitar o acesso ao comércio exterior ao reunir produtores com interesses comuns para negociar volumes maiores e obter condições comerciais mais competitivas.
2. Sustentabilidade como tendência de consumo
Cada vez mais, o mercado global prioriza produtos sustentáveis. As cooperativas têm se destacado nesse cenário ao adotar práticas ambientais responsáveis e com as certificações exigidas por vários países. Isso amplia a aceitação dos produtos e aumenta o valor agregado deles.
3. Agregação de valor e diversificação de mercados
A atuação coletiva permite que as cooperativas invistam em infraestrutura, certificação e tecnologia, possibilitando a oferta de produtos com padrão internacional de qualidade. Atuando de forma independente, muitos produtores não conseguem ter acesso a esses recursos.
Além disso, a exportação por meio das cooperativas facilita a entrada em mercados diversos e a negociação com compradores estrangeiros.
4. Geração de oportunidades por meio da colaboração
O cooperativismo tem como base a colaboração entre seus membros. Ao unir forças, os produtores têm mais capacidade de acessar mercados internacionais, fechar negócios e participar de iniciativas governamentais que incentivam as exportações.
O Sistema OCB também é um grande aliado para que as cooperativas possam desbravar novos mercados. O apoio para dar mais protagonismo às cooperativas na exportação é uma das diretrizes do Sistema OCB e das Organizações Estaduais.
Casos de sucesso: cooperativas brasileiras no mercado internacional
Algumas cooperativas são exemplos de sucesso na exportação, conquistando mercados exigentes ao redor do mundo. Que tal conhecermos algumas dessas iniciativas inspiradoras?
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A Aurora Coop, cooperativa exportadora de proteínas como frango e suínos, se destaca por investir na padronização e em certificações que garantem a qualidade e conformidade de seus produtos. Desse modo, ela consegue competir em mercados como China e União Europeia. A AuroraCoop, aliás, venceu o Prêmio Melhores dos Negócios Internacionais 2024!
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Já a Cooabriel, maior cooperativa de cafeicultores conilon do Brasil, tem ampliado sua atuação internacional por meio da exportação direta. Ou seja, a cooperativa vende seus produtos diretamente para compradores internacionais sem intermediários.
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Outra cooperativa de destaque na exportação é a Comapi. Especializada na produção de mel, a cooperativa tem firmado parcerias estratégicas para expandir sua presença no mercado global, ganhar competitividade e fomentar o desenvolvimento da comunidade.
Quer exportar? Que tal uma cooperativa?
Se você é produtor e deseja ingressar no mercado internacional, abrir ou se associar a uma cooperativa pode ser a melhor alternativa.
O Sistema OCB oferece programas de qualificação e suporte para produtores interessados na exportação. Para saber mais, conheça o Programa NegóciosCoop - Mercado Internacional e descubra as oportunidades que o cooperativismo pode oferecer!
Está comprovado que a presença de uma cooperativa de crédito melhora indicadores econômicos e sociais nos municípios onde atuam. Os dados estão em uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e pelo Sistema OCB e traduzem histórias de transformação lideradas pelas coops em várias partes do Brasil. Uma delas vem de Mato Grosso, onde o Sicoob Primavera investiu em um projeto de cultura e educação reconhecido nacionalmente.
Tudo começou no município de Canarana, um dos maiores produtores de grãos do estado. Em meio à riqueza do agronegócio, a cooperativa percebeu que faltava na cidade um ambiente para que crianças e adolescentes de comunidades vulneráveis pudessem ter acesso à educação financeira, arte e cidadania. A resposta do Sicoob Primavera para o desafio foi a criação do Espaço Cooperar, que oferece oficinas de balé, música, corte e costura, informática, jiu-jitsu, teatro, dança, canto e outras atividades.
O projeto deu tão certo que hoje tem mais duas unidades nos municípios paraenses de Rondon do Pará e Dom Eliseu, onde a cooperativa também atua. Em 2024, a iniciativa venceu o Prêmio SomosCoop Melhores do Ano na categoria Coop Cidadã.
O início da transformação
O Espaço Cooperar de Canarana foi criado pelo Sicoob Primavera com o apoio da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Educação e Cultura. O primeiro passo foi uma oficina de balé para 90 crianças de famílias cadastradas no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) do município. A coop investiu na compra de uniformes e materiais para as aulas, na infraestrutura do prédio onde as atividades são realizadas e na contratação de colaboradores para cuidar da manutenção do local.
A gerente regional do Sicoob Primavera, Vivian Marques de Campos Silva, afirma que o cuidado com o projeto foi uma forma de colocar em prática o princípio cooperativista do interesse pela comunidade. Além disso, foi uma forma de retribuir a confiança dos cooperados desde que a instituição financeira abriu um posto de atendimento na cidade.
“Temos cerca de 2,6 mil famílias que disseram sim ao Sicoob em Canarana para ter atendimento humanizado e produtos e serviços atrativos. O Espaço Cooperar é uma das formas de agradecimento da cooperativa pelo bem que recebemos, retribuindo em forma de ações sociais para mais de 300 crianças, adolescentes, jovens e adultos que participam das oficinas disponibilizadas diariamente”.
Com o sucesso das aulas de dança em Canarana, o Espaço Cooperar passou a oferecer novas atividades, foi replicado nos municípios paraenses e hoje atende 850 crianças e adolescentes nas três unidades.
“É um espaço de aprendizagem de forma lúdica, onde as crianças aprendem por meio da arte e essa parceria tem sido o diferencial na vida de muitas crianças que não tinham oportunidades de poder expandir suas potencialidades culturais”, destaca a secretária de Cultura de Rondon do Pará, Rosa Maria Peres Lima.
Inclusão
A professora de balé do Espaço Cooperar de Canarana, Amanda Lange, conta que as aulas de dança vão muito além do aprendizado de passos e coreografias, e abrem horizontes para que as pequenas alunas também possam sonhar com novas possibilidades para o futuro. “São talentos que ficariam escondidos, porque os pais não teriam condições de pagar a mensalidade, ou mesmo bancar o uniforme, gastos com apresentações. É um projeto que com certeza fará a diferença na vida dessas crianças, que vão se tornar adultos melhores e profissionais melhores”, afirma.
Avó de uma das alunas de balé do Espaço Cooperar de Canarana, Eni Silva diz que a comunidade se sente prestigiada pelas iniciativas do projeto. “É uma grande oportunidade que o Sicoob trouxe para pessoas que não teriam como levar seus filhos para aulas como essa [de balé]. Todas as mães e pais que trazem suas filhas aqui têm esse sentimento de gratidão por essa oportunidade”.
As oficinas do projeto do Sicoob Primavera também são inclusivas para pessoas com deficiência.
Conheça outros projetos vencedores do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2025 e veja como as cooperativas constroem um mundo melhor!
A agricultura familiar e o cooperativismo têm uma ótima conexão! Segundo o Censo Agropecuário de 2017, do IBGE, 71,2% dos estabelecimentos rurais de produtores associados a cooperativas são do perfil da agricultura familiar.
E essa ligação não é por acaso! A agricultura familiar consiste em uma produção sustentável e realizada por famílias. Já o cooperativismo visa construir uma economia mais justa, oferecendo boas condições de trabalho aos cooperados e colaboradores, enquanto fornece produtos e serviços de qualidade ao mercado interno e externo.
Quer saber como essa simbiose funciona? Continue aqui para entender mais sobre a agricultura familiar, sua relação com o cooperativismo e como o modelo de negócios pode alavancar esses estabelecimentos!
Agricultura familiar
A agricultura familiar é essencial para o agronegócio brasileiro não somente por ser um modelo de negócio sustentável. Segundo o IBGE, 77% dos estabelecimentos rurais são de pequenos produtores.
Mesmo com uma escala menor quando comparadas aos grandes complexos agropecuários, a produção familiar auxilia a manutenção da diversidade agrícola e fomenta o desenvolvimento econômico das áreas rurais. Além disso, a agricultura familiar é responsável por 23% do valor total da produção agrícola nacional.
Fica claro, portanto, que o setor não só contribui com a economia, mas também fornece alimentos frescos e acessíveis, sendo uma ferramenta para a segurança alimentar e incentivando práticas sustentáveis.
PNAE e PAA: promovendo a agricultura familiar
Para ser partícipe do desenvolvimento sustentável, a agricultura familiar brasileira conta com algumas iniciativas do Governo Federal. Algumas das mais conhecidas são: o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
O PNAE é responsável por garantir que parte dos alimentos das escolas públicas sejam provenientes de agricultores familiares. A ideia é gerar renda aos agricultores, enquanto oferecem alimentos de qualidade aos alunos.
Já o PAA consiste na compra de alimentos diretamente dos pequenos produtores para fortalecer instituições que promovam a segurança alimentar. Assim como o PNAE, o Programa de Aquisição de Alimentos também incentiva a produção sustentável, a segurança alimentar e a geração de renda.
O cooperativismo e a agricultura familiar
A agropecuária também se destaca dentro do cooperativismo. Segundo o Anuário do Cooperativismo 2024, foram contabilizadas 1.179 cooperativas, mais de um milhão de cooperados e 257 mil colaboradores.
Além disso, o Ramo Agropecuário fechou o ano de 2023 com R$ 274 bilhões em ativos e R$ 20,5 bilhões gerados em sobras, que serão distribuídas aos cooperados e investidas na cooperativa.
Dentro desses grandes números, que mostram o poder e sucesso do cooperativismo, estão os estabelecimentos de agricultura familiar. Nesse modelo de negócios, os agricultores familiares são cooperados e se beneficiam das inúmeras vantagens que o coop tem a oferecer.
Cooperativismo e sustentabilidade
Além de abrigar uma abundância de cooperados de estabelecimentos de agricultura familiar, o cooperativismo também se preocupa com a sustentabilidade. As organizações investem na pauta ESG, abreviatura de Environment (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança), implementando projetos que visam uma produção mais sustentável.
As coops também são agentes de fomento cruciais para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mais conhecidos como ODSs, da ONU. Segundo a organização, o cooperativismo pode auxiliar na inclusão de mulheres, pessoas com deficiência e povos indígenas e na erradicação da fome.
Isso só é possível, pois as cooperativas seguem sete princípios que pregam igualdade, sustentabilidade, democracia e educação. Com esse foco, as organizações visam desenvolver e implementar iniciativas que contribuam para uma economia mais justa.
Cooperativismo fomenta a agricultura familiar
O cooperativismo também busca oferecer boas condições para a atuação dos associados. Por meio do modelo de negócios cooperativista, os pequenos produtores conseguem unir forças para colaborar a fim de obter uma maior integração na cadeia produtiva e ganho de escala sem perder as características essenciais do segmento
Dessa maneira, as cooperativas também atuam para promover a diversificação de negócios, adequando a produção familiar às demandas do mercado. Além disso, ao inovar e acreditar em uma sociedade mais igualitária e sustentável, o cooperativismo mostra que a agricultura familiar tem um espaço para crescer e se desenvolver.
Sendo assim, as cooperativas fomentam os empreendimentos de agricultores familiares, gerando renda a eles e preservando o meio-ambiente. Essas condições fazem com que a permanência no campo aumente, reduzindo o êxodo rural e fomentando o desenvolvimento das comunidades
Cases de sucesso de cooperativas de agricultura familiar
Não é de hoje que as cooperativas incentivam a agricultura familiar. As organizações agropecuárias contam com uma grande parcela de agricultores familiares em sua base de cooperados. Por conta disso, as coops fazem questão de incentivar projetos de inovação que trazem benefícios para todos os associados e para a comunidade em que vivem.
A Coopaita e a Coopemapi, ambas cooperativas de agricultura familiar, contam com o auxílio de algumas organizações para exportar seus produtos e se tornarem referência no ramo. Já o Sicredi aproveitou sua abundância de recursos para incentivar e melhorar a agricultura familiar.
Coopaita: agricultura familiar do Brasil para o mundo
A Cooperativa Nacional de Produção e Agroindustrialização, mais conhecida como Coopaita, faz sucesso com as frutas in natura e com a produção de frutas desidratadas. A organização está presente no mercado nacional e internacional.
Para se tornar referência, a cooperativa precisou focar em melhorar a produção, buscando oferecer as melhores condições para o cultivo das frutas in natura. A Coopaita contou com a ajuda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que desenvolveu novas técnicas e variedades de plantas.
A organização ainda participou de diversas feiras e eventos, e investiu no design de embalagens funcionais e atraentes. Assim, construíram uma boa base de seguidores nas redes sociais e de clientes.
A cooperativa foi capacitada para exportação no PeiexCoop, o Programa de Qualificação para Exportação de Cooperativas da ApexBrasil.
Coopemapi: famílias que produzem mel de qualidade
A Cooperativa de Apicultores do Norte de Minas, mais conhecida como Coopemapi, também passou a exportar mel. O processo aconteceu em 2019 com o auxílio da Agro.BR e do Sistema Faemg/Senar. Já por meio do Programa de Assistência Técnica Gerencial, quatro apicultores foram qualificados e responsabilizados pela produção do mel exportado.
Como parte da Agro.BR, a cooperativa recebe capacitação técnica para atender às exigências do mercado internacional. Diante de todo esse esforço, a Coopemapi já exportou para Bélgica, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Alemanha, Itália e China.
Com o sucesso do mel, os agricultores familiares decidiram lançar produtos diferenciados, como o mel de aroeira e o mel monofloral de pequi. O último produto orgânico produzido foi apresentado na Feira Líder Mundial de Alimentos Orgânicos (Biofach), na Alemanha.
Sicredi: intercooperação financia agricultores familiares
Com mais de sete milhões de associados e uma grande presença em toda a federação, o Sicredi contribui para o desenvolvimento econômico e social de inúmeras comunidades. Prova disso é que o sistema cooperativo é conhecido por ser a segunda instituição com maior liberação de crédito rural do Brasil.
Em 2022, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o Sicredi disponibilizou mais de R$ 10 bilhões à agricultura familiar. O valor contempla produtos custeiam o plantio e a manutenção de lavouras, e investimentos em máquinas, implementos, benfeitorias rurais e infraestrutura para energia solar.
A cooperativa também atua em outros projetos que visam a energia verde, como o Renovagro, o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO).
Conclusão
A parceria entre a agricultura familiar e o cooperativismo é essencial para garantir uma produção sustentável, que promova a inclusão produtiva e gere resultados positivos. Ao prezar por uma economia mais justa, o coop visa apoiar empreendimentos sustentáveis, democráticos e igualitários.
E para estreitar a relação entre a agricultura familiar e o cooperativismo, o CapacitaCoop, do Sistema OCB, oferece o curso Agricultura Familiar nas Compras Públicas. Nele você compreende mais sobre a parceria e conhece as modalidades de compra governamentais que sua cooperativa pode participar.
Constituir uma cooperativa pode ser uma experiência enriquecedora, mas também desafiadora. Esse modelo de negócio, baseado em princípios de colaboração e solidariedade, oferece uma alternativa viável para quem busca não apenas lucro, mas também impacto social positivo.
Porém, antes de dar o primeiro passo, é fundamental entender as peculiaridades desse formato. Neste post, vamos explorar os principais aspectos que você deve considerar, desde a definição clara dos objetivos e da estrutura organizacional até as questões legais.
Com informações precisas e estratégicas, você estará mais preparado para construir uma cooperativa sustentável e de sucesso. Vamos juntos nessa jornada?
O que é uma cooperativa?
Uma cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns. A palavra-chave do cooperativismo é a colaboração: muitas vezes as pessoas que não conseguiriam alcançar certo objetivo sozinhas, juntas conseguem até superá-lo.
O propósito principal das cooperativas é promover a prosperidade econômica de seus associados por meio da sustentabilidade de resultados financeiros e do desenvolvimento social, sempre respeitando os interesses coletivos e as pretensões individuais.
Principais diferenças entre cooperativas e outros tipos de negócios
Apesar de muitas empresas também se preocuparem com justiça social e prosperidade econômica, existem algumas diferenças importantes que distinguem organizações comuns de cooperativas.
Gestão democrática
Diferentemente de empresas comuns, onde as decisões são tomadas exclusivamente pelos donos ou pelos cargos da diretoria, as cooperativas funcionam a partir de uma gestão democrática.
Na prática, isso significa que todos os associados têm direitos de voto equivalentes, ou seja, os cooperados também são donos da instituição e podem participar das decisões de acordo com o que for melhor para o coletivo.
Atuação nas comunidades
É inerente ao cooperativismo o cuidado com a comunidade em que a cooperativa está inserida. Por mais que algumas empresas tradicionais adotem políticas de ESG, a frequência e intensidade das ações, em muitos casos, não é a mesma que as cooperativas.
As coops investem fortemente nas regiões em que estão instaladas, já que são formadas pelos indivíduos daquela comunidade. Por isso, assumem um papel considerável no desenvolvimento social, promovendo educação, formação e informação.
Distribuição das sobras
Enquanto as empresas comuns mantêm para os donos ou principais acionistas os lucros, o cooperativismo propõe a divisão das sobras entre os colaboradores. A lógica é que como todos são donos da instituição, todos devem receber.
As sobras são os resultados financeiros positivos das cooperativas, que são distribuídas entre os associados de acordo com critérios previamente estabelecidos durante a Assembleia anual.
Como as cooperativas funcionam
Dado o tamanho da participação das cooperativas na economia e na sociedade brasileira, era de se esperar que existisse uma legislação destinada especificamente para esse modelo de negócios. A Lei Geral das Cooperativas (Lei nº 5.764/1971), define os procedimentos necessários para a criação de uma coop, além dos direitos dos cooperados e as características deste modelo de negócio.
Dentre as condições previstas pela lei, estão: a adesão voluntária e ilimitada de associados; a singularidade de votos; a quantidade mínima de associados nas assembleias; o retorno das sobras líquidas proporcionais aos esforços dos cooperados; a neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; e a prestação de assistência aos associados e aos colaboradores da cooperativa.
Gestão de uma cooperativa
Como visto, as cooperativas funcionam diferente de empresas comuns, e agem a partir do princípio da gestão democrática. Portanto, a instituição é gerida de forma participativa, contando com a colaboração de todos os cooperados.
Em prática, isso significa que cada associado é considerado "dono do negócio". Ou seja, por meio da participação de assembleias, os cooperados podem decidir os rumos da instituição, os lucros, os líderes e mais aspectos societários, por meio do seu voto.
Os ramos do cooperativismo no BrasilAlém da regulamentação legal, que vale para todas as cooperativas, cada instituição pode ter algumas peculiaridades a depender do seu ramo de atuação. Essa divisão de áreas do cooperativismo ajuda na representação de cada uma e de sua atuação diante de governos, tribunais de justiça e instituições legislativas. O cooperativismo brasileiro é organizado em sete ramos. São eles:
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Órgãos da cooperativa
Assim como qualquer outro modelo de negócio, o cooperativismo é constituído por uma estrutura sólida e bem dividida. Cada órgão é responsável por um processo diferente e é importante conhecer cada um deles para entender a constituição das cooperativas. Algumas das principais organizações são:
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Assembleia Geral Ordinária (AGO): realizada obrigatoriamente uma vez por ano, nos três primeiros meses (com exceção das cooperativas de crédito, que podem realizar suas AGOs até o mês de abril), tem como objetivo definir assuntos como prestações de contas, relatórios, planos de atividades, destinação de sobras, fixação de honorários, cédula de presença, eleição do Conselho de Administração e Fiscal, e outras questões de interesse dos cooperados
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Conselho de Administração: responsável pela administração da cooperativa, abrangendo qualquer interesse da cooperativa e de seus cooperados nos termos da legislação, do Estatuto Social e das determinações da Assembleia Geral
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Conselho Fiscal: entidade formada por três membros efetivos e três suplentes, eleitos para a função de fiscalização da administração, das atividades e das operações da cooperativa. O conselho fiscal não é obrigatório para as cooperativas de crédito. Já as cooperativas de trabalho com até 19 sócios seguem uma regra distinta. Veja detalhes no manual de orientação elaborado pelo Sistema OCB.
A Assembleia Geral é o órgão supremo da cooperativa que toma decisões de acordo com o interesse da sociedade, além da responsabilidade coletiva expressada pela reunião da maioria dos associados. Além da AGO, reuniões extraordinárias podem ser convocadas.
Como criar uma cooperativa
Além de entender a lógica por trás das cooperativas e os órgãos que permitem que elas funcionem, é importante conhecer alguns passos que antecedem a criação dessas instituições. Seguir essas etapas é essencial para formalizar a sua coop, garantindo que a organização esteja alinhada aos valores e aos princípios cooperativistas.
Reúna um grupo de pessoas com interesses comuns
Tirando algumas exceções, uma cooperativa é formada, em média, por 20 pessoas. Uma vez que esse grupo esteja reunido, você deve procurar a unidade do Sistema OCB do seu estado para saber se ele está alinhado aos princípios cooperativistas e se já existem outras cooperativas fazendo a mesma coisa.
Pense em um plano de negócios
Antes de abrir qualquer negócio, é fundamental fazer um planejamento, levando em conta a viabilidade econômica e social do projeto. Para isso, calcule sua expectativa de receita, os custos envolvidos e, principalmente, pense de onde virá o investimento para montar a cooperativa.
Defina as regras da cooperativa
Após a elaboração de um plano de negócios, os fundadores devem pensar em uma proposta de estatuto para a cooperativa. Esse documento precisa conter informações básicas da instituição, como o endereço da sede, a distribuição das cotas, a política de entrada e de saída dos cooperados, as regras de eleição da diretoria etc. É importante lembrar que essa proposta precisa ser votada e aprovada pela maioria, seguindo os princípios do cooperativismo.
Não deixe a ideia apenas no papel
Depois de pensar em todos os detalhes teóricos da cooperativa, é hora de tirar a ideia do papel. Convocar a Assembleia Geral de Constituição é o momento mais importante da estruturação da coop.
É nessa primeira reunião que a fundação da instituição é formalizada e que são eleitos os componentes dos conselhos e da diretoria. Também são definidos o prazo dos mandatos e outros assuntos fundamentais, como a redação da ata de constituição.
Atente-se à formalização da cooperativa
Apesar de depois da Assembleia de Constituição sua cooperativa já existir, vale lembrar que ela ainda não está autorizada a atuar no mercado. Para isso, é preciso realizar o registro junto à Receita Federal e à Junta Comercial do seu município, ou seja, criar um CNPJ.
As origens do cooperativismo
O cooperativismo moderno surgiu durante a Revolução Industrial, época em que a população começou a ficar insatisfeita com os baixos salários e a alta taxa de desemprego.
Em 1844 foi fundada a primeira cooperativa, na cidade de Rochdale-Manchester, no interior da Inglaterra. Um grupo de 27 homens e uma mulher se uniram para comprar seu próprio armazém, já que separadamente os trabalhadores não tinham dinheiro para adquirir uma quantidade adequada de alimentos.
No Brasil, a primeira cooperativa foi criada em 1889, em Minas Gerais. A Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto tinha como objetivo o consumo de produção agrícola.
Já em 1902, o padre suíço Theodor Amstad fundou a primeira cooperativa de crédito do país, no Rio Grande do Sul. A cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos Amstad nasceu na cidade de Nova Petrópolis e segue na ativa até hoje como Sicredi Pioneira.
Os sete princípios do cooperativismoO cooperativismo se baseia em sete princípios considerados essenciais para a construção de uma sociedade justa e mais igualitária. Esses preceitos funcionam como orientações para que as cooperativas mantenham seus valores ao longo das práticas e da atuação no mercado. São eles:
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A importância social e econômica das cooperativas
Como visto, a preocupação com a comunidade e com a sustentabilidade econômica é uma característica forte do cooperativismo. Esse modelo de negócio tem forte influência tanto na sociedade quanto na economia do Brasil.
O principal motivo por trás desse impacto é o crescimento comunitário promovido por meio de ações sociais, que fazem parte do princípio do cooperativismo: “interesse pela comunidade”. Além disso, a divisão das sobras provoca efeitos financeiros positivos na sociedade.
As cooperativas também representam grande parte do PIB e da economia brasileira. De acordo com um estudo realizado pelo Sistema OCB e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os municípios que contam com cooperativas de crédito registraram um incremento de R$ 3.852 por habitante no PIB per capita, além de impactos na arrecadação tributária, na geração de empregos formais, na abertura de estabelecimentos comerciais e nas exportações.
Conclusão
A criação de uma cooperativa pode ser uma experiência enriquecedora tanto individualmente quanto para a comunidade ao seu redor. Por isso, vale a pena se atentar a alguns passos básicos, mas essenciais, para construir uma instituição que siga os princípios do cooperativismo.
Pensando na importância de cada etapa, o SomosCoop desenvolveu o e-book “Como Funciona uma Cooperativa?”. Esse material funciona como um guia para quem quer iniciar sua jornada no cooperativismo, tratando desde os motivos para escolher o modelo cooperativista até os passos para sua criação formal.
Além disso, também preparamos a série de vídeos Bora Entender, contando a história do cooperativismo, os princípios do movimento, as áreas de atuação das cooperativas, como elas funcionam e quais os seus benefícios como modelo de negócio!
O cooperativismo tem números impressionantes: são cerca de 3 milhões de cooperativas pelo mundo, somando 1 bilhão de cooperados e 280 milhões de empregos. Só no Brasil, há mais de 4,5 mil cooperativas e mais de 23 milhões de cooperados, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024. Mas você sabia que esse movimento começou com um pequeno grupo de 28 tecelões, no interior da Inglaterra? Entre eles, havia uma mulher que começava a traçar uma nova realidade para aquela época: Eliza Brierley.
Imagine o cenário: Inglaterra pós-Revolução Industrial, um período marcado por desigualdades sociais, exploração do trabalho e uma época em que as mulheres ainda lutavam pelo direito ao voto e eram excluídas da participação econômica. Nesse contexto, com apenas 18 anos, Eliza Brierley se destacou ao desafiar as normas e garantir sua presença na primeira cooperativa do mundo, a Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, criada em 1844.
Em busca de uma vida melhor e de mais autonomia, em 1846, Eliza conseguiu se tornar membro de pleno direito da cooperativa recém-criada, abrindo portas para outras mulheres de sua época e construindo uma trajetória que inspira cooperativistas até hoje.
“A história de Eliza Brierley mostra como o cooperativismo constrói um mundo melhor para as mulheres, com oportunidades para que elas tenham autonomia financeira e possam se desenvolver e exercer seus direitos com participação democrática”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
A entrada da jovem tecelã na cooperativa demonstrou que o cooperativismo é inovador desde a sua origem, como um modelo de negócios inclusivo, em que todos podem prosperar juntos.
Mulheres no coop
Desde Eliza Brierley, a participação feminina no coop tem evoluído continuamente. No Brasil, por exemplo, elas representam 41% dos cooperados – com 9,6 milhões de brasileiras – e são maioria entre os trabalhadores do setor – responsáveis por 52% da força de trabalho.
“O exemplo de Eliza continua vivo e impulsiona mulheres a assumirem papéis de destaque dentro do movimento cooperativista", afirma Fabíola. Além disso, o legado de Eliza Brierley também se traduz na criação de programas de capacitação e incentivo à liderança feminina no coop.
Pioneira e guia de inovação Eliza Brierley não ficou no passado! No livro Inovação no Cooperativismo - um guia descomplicado para quem deseja inovar mais e melhor no universo do cooperativismo, ela aparece como personagem em realidade aumentada que apresenta conteúdos adicionais aos leitores em cada capítulo. Em cada capítulo, Eliza facilita a compreensão de conceitos essenciais sobre inovação no coop, tecnologia e mostra como o setor investe continuamente em soluções para gerar resultados e aumentar a competitividade das cooperativas. |
Nossa cooperativista pioneira também virou game! Na plataforma Jogar+Aprender, que oferece conteúdo pedagógico lúdico e informativo para crianças e jovens, a jovem tecelã inglesa é a personagem principal do jogo educativo Onde está Eliza?. No game, os jogadores precisam encontrar objetos e personagens relacionados ao coop. No primeiro cenário, "Contando a História", Eliza está em uma escola participando de uma exposição sobre cooperativismo, em que são apresentados os diferentes ramos do cooperativismo. O segundo nível, "Coopcity", leva os jogadores a uma comunidade cooperativista, e no terceiro, "Transformando a Cidade", Eliza busca apoio para criar um movimento cooperativista que ajude a melhorar a cidade. O jogo está disponível na plataforma CapacitaCoop, com acesso gratuito. |